Em um mercado digital dominado por gigantes da tecnologia, uma organização sem fins lucrativos sediada em Berlim, na Alemanha, está mudando a forma como pensamos sobre nossas pesquisas diárias na internet. A Ecosia, lançada em 7 de dezembro de 2009, não é apenas um motor de busca; é um projeto ambiental que já plantou mais de 200 milhões de árvores ao redor do mundo, financiado inteiramente pela receita de anúncios gerada por seus usuários.
A premissa da Ecosia é simples, mas poderosa. A empresa utiliza os lucros obtidos com os anúncios exibidos em seus resultados de pesquisa para financiar projetos de reflorestamento. Cerca de 80% de seus lucros são direcionados para essa causa. Segundo a empresa, cada pesquisa realizada através de sua plataforma contribui para remover aproximadamente 1 kg de CO₂ da atmosfera.
Fundada por Christian Kroll, a Ecosia opera sob um modelo de negócios único. Em 2018, Kroll transferiu parte de suas ações para a Purpose Foundation, garantindo que a empresa nunca possa ser vendida ou que seus lucros sejam retirados para fins pessoais. Essa estrutura reforça o compromisso da Ecosia com sua missão ambiental, não com o lucro dos acionistas.
Os resultados de busca são uma combinação de fontes como Yahoo!, Bing e Google, com os anúncios sendo fornecidos principalmente pela Microsoft. A transparência é um pilar da organização, que publica regularmente seus relatórios financeiros, permitindo que qualquer pessoa veja exatamente como a receita é gasta.
Com o tempo, a Ecosia expandiu seu ecossistema para além da simples pesquisa na web, oferecendo um conjunto de ferramentas focadas em sustentabilidade e privacidade.
Navegador Ecosia: Baseado no Chromium, o navegador próprio da Ecosia para desktop e dispositivos móveis inclui um bloqueador de anúncios integrado e uma classificação de compromisso climático que avalia as promessas de sustentabilidade das empresas.
Ecosia Chat: Um chatbot de inteligência artificial, alimentado pela API da OpenAI, que oferece uma opção única de "respostas verdes", focadas em fornecer informações com uma perspectiva ambiental.
Em relação à privacidade, a Ecosia afirma não criar perfis pessoais com base no histórico de pesquisa e não usar ferramentas de rastreamento externas.
Apesar de ser um player pequeno, com cerca de 0,30% do mercado de buscas europeu em 2024, a Ecosia construiu parcerias estratégicas. A mais notável é com a Microsoft, que fornece a infraestrutura de busca e publicidade. Mais recentemente, em 2024, a Ecosia se uniu ao motor de busca francês Qwant para desenvolver um índice de busca europeu, visando reduzir a dependência das gigantes americanas.
A empresa também investiu na TreeCard, uma empresa de cartão de débito que produz cartões de madeira de cerejeira, com 80% de seus lucros destinados a projetos de reflorestamento.
A iniciativa, no entanto, não está isenta de críticas. A principal questão levantada é sua dependência do Bing (Microsoft) para fornecer resultados de pesquisa e anúncios. A organização Ethical Consumer deu à Ecosia uma pontuação mais alta do que Google e Bing, mas a criticou por sua relação com a Microsoft.
Além disso, em 2019, a Ecosia boicotou o leilão do Google para se tornar uma opção de busca padrão em dispositivos Android na Europa, acusando o Google de explorar sua posição dominante no mercado de forma anticompetitiva.
Ainda assim, a Ecosia se consolidou como uma alternativa viável e inspiradora para usuários que desejam que suas ações online tenham um impacto positivo e tangível no mundo real.