Saúde Zolpidem
Uma nova esperança para a recuperação cognitiva de pacientes com trauma cranioencefálico
Medicamentos como o Zolpidem, ajudam a entender mecanismos cerebrais
13/10/2025 14h13
Por: Mauro Paes Corrêa
Foto: Freepik/PB

 Para pacientes que sobreviveram a um traumatismo cranioencefálico (TCE), a jornada de recuperação é longa e repleta de desafios. Um dos obstáculos mais comuns e debilitantes, afetando entre 36% e 70% desses indivíduos, são os distúrbios do sono-vigília (DSV). Um estudo aprofundado sobre o tema revela que a dificuldade para dormir não apenas compromete a qualidade de vida, mas pode agravar severamente os déficits neurocomportamentais, como problemas de atenção, memória, ansiedade e depressão. Neste cenário, a correta intervenção farmacológica, com destaque para o zolpidem, desponta como uma ferramenta essencial para otimizar a reabilitação neurológica.

 Após uma lesão cerebral, é comum que os pacientes desenvolvam insônia, sonolência diurna excessiva ou um ciclo de sono completamente desregulado. O estudo ressalta que esses distúrbios não estão necessariamente ligados à gravidade da lesão, podendo afetar tanto casos leves quanto severos.

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 O impacto vai além do cansaço. Pesquisas citadas no artigo demonstram uma associação direta entre a má qualidade do sono e um pior desempenho em testes de atenção sustentada. "Minimizar a perturbação do ciclo sono-vigília está associado à melhoria nos níveis de fadiga, melhora do humor, diminuição dos níveis de ansiedade e melhoria do funcionamento cognitivo", aponta o documento. Por isso, a identificação e o tratamento precoces desses distúrbios são considerados vitais.

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 Antes de recorrer a medicamentos, os especialistas recomendam uma abordagem multifatorial, começando por intervenções não farmacológicas. A chamada "higiene do sono" é a primeira linha de defesa, incluindo práticas como:

 Além disso, terapias como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), acupuntura e a terapia de luz brilhante (exposição à luz azul pela manhã) mostraram-se eficazes para ajudar a regular o relógio biológico dos pacientes.

 Quando as mudanças de hábito não são suficientes, a intervenção com medicamentos se torna necessária. No entanto, a escolha do fármaco é crucial. O estudo alerta veementemente contra o uso de benzodiazepínicos (como alprazolam e diazepam), pois, apesar de induzirem o sono, eles podem prejudicar a recuperação neurológica a longo prazo, causar sedação diurna, amnésia e criar dependência.

 É aqui que os agonistas não benzodiazepínicos de GABA-A ganham destaque. O zolpidem, o medicamento mais prescrito desta classe, junto com a eszopiclona, atua de forma mais seletiva nos receptores cerebrais responsáveis pelo sono. Isso resulta em menos efeitos colaterais cognitivos e menor risco de abuso em comparação com os benzodiazepínicos tradicionais.

 De acordo com os dados, hipnóticos como o zolpidem são prescritos para cerca de 30% dos pacientes com TCE em fase de reabilitação aguda. Sua meia-vida curta (cerca de 2,5 horas) o torna eficaz para iniciar o sono, com menor probabilidade de causar sonolência residual no dia seguinte.

 Além do zolpidem, outras classes de medicamentos são consideradas promissoras:

 O estudo conclui que, embora a intervenção farmacológica seja razoável e muitas vezes necessária, ela deve ser feita com extrema cautela. A recomendação geral é "começar com doses baixas e titular lentamente". Estas pesquisas, abrigam caminhos urgentes de mais pesquisas focadas especificamente em pacientes com lesão cerebral para documentar a eficácia e a tolerância desses medicamentos, garantindo que o tratamento do sono acelere, e não atrapalhe, a preciosa recuperação cognitiva.